sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Com mobilização e disposição para a luta, categorias não se intimidam com aparato policial e protestam na sede do governo do Estado

Trabalhadores em educação, da saúde e auditores fiscais fazem manifestação na Cidade Administrativa

28/09/2012

Escrito por: 

Rogério Hilário, com informações do Sind-Saúde/MG e do Sind-UTE/MG

Fotografias: Taís Ferreira

A presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira, e o secretário Reginaldo Tomaz de Jesus com policiais militares na Cidade Administrativa


Acompanhados por forte aparato policial, trabalhadores e trabalhadoras em educação, da saúde e auditores fiscais da Fazenda do Estado realizaram manifestação na quarta-feira (26) na  Cidade Administrativa Tancredo Neves, em Belo Horizonte.
A repressão policial tentou a todo custo calar a voz da classe trabalhadora, mas não conseguiu. Antes do início da manifestação, a Polícia Militar, por ordem do governo do Estado, impediu que o carro de som fosse utilizado na atividade e tentou barrar a entrada da banda de música, que faria a parte lúdica da manifestação.
A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG e presidenta da CUT-Minas, Beatriz Cerqueira, afirmou que a decisão do governo não impediu que os trabalhadores se fizessem ouvir, e manifestar a insatisfação com o governo Anastasia. “Somente assim, com unidade das classes trabalhadoras e capacidade de mobilização é que superamos obstáculos e alcançamos vitórias. É assim que conseguimos interferir na vida política do nosso Estado, e é assim que vamos demonstrar forças e mudar as atuais condições, contribuindo para a construção de dias mais justos para toda a classe trabalhadora, destacou Beatriz Cerqueira.

A manifestação antecedeu uma data que é um marco para todos os trabalhadores da educação de Minas Gerais: há um ano, no dia 27 de setembro de 2011, era suspensa a greve de 112 dias da rede estadual de ensino. A suspensão da greve ocorreu mediante a assinatura de Termo de Compromisso onde o governador assumiu que pagaria o Piso Salarial como vencimento básico e na carreira. Mas o governo de Minas não cumpriu o que assinou.

A mobilização do funcionalismo fez o governo cancelar, pela segunda vez, a reunião em que discutiria política remuneratória, agenda marcada há mais de seis meses. Para o presidente do Sindifisco-MG, Lindolfo Fernandes, a manifestação foi muito importante para pressionar o Executivo.
“O governo está enrolando, adiando reunião com servidor e contrariando a lei de política remuneratória. Na verdade, isso tudo é em função do processo eleitoral. O Estado tem condições e recursos para conceder reajuste, a receita cresceu 12,8%.”

O diretor de Comunicação do Sind-UTE/MG, Paulo Henrique Fonseca, completa: “trata-se de um momento de unidade dos servidores públicos que, com certeza, o governador não vai esquecer. Ele ouviu nosso recado.”

Dentre os inúmeros problemas que a categoria vive, o Sindicato tem lutado para:

•             O descongelamento da carreira. A Lei Estadual 19.837/11 congelou a carreira de mais de 200 mil profissionais da educação. Isso significa que não serão valorizados pela sua formação e pelo tempo de serviço até dezembro de 2015. Além de gerar um enorme passivo para os cofres públicos, esta medida é um desrespeito ao profissional da rede estadual que tem garantido através de várias leis federais - o direito à carreira.

•             Pagamento de todos os direitos e vantagens já adquiridos. Os direitos e vantagens adquiridos por milhares de servidores estaduais não são pagos como, por exemplo, biênios e quinquênios adquiridos até dezembro de 2011. Além disso, o que já foi adquirido e pago integralmente até dezembro de 2011 está sendo parcelado até dezembro de 2015. Servidores que adquiriram o direito à aposentadoria são obrigados a continuar trabalhando até que o governo os autorize a afastar.

•             O imediato pagamento do Prêmio por Produtividade. Trata-se de uma política de remuneração implantada durante a reforma administrativa, promovida pelo então governador Aécio Neves, com o discurso de tornar a gestão do estado eficiente. A categoria é submetida a metas que não são construídas com a sua participação, desconsiderando as condições de trabalho e da escola. Quem adoece é penalizado com o não pagamento desse prêmio. No entanto, o governador Anastasia pagou o prêmio de 2010 em fevereiro de 2012 e não há previsão do pagamento do valor referente a 2011.

•             Correção do tempo de serviço e escolaridade. Milhares de professores recebem por uma escolaridade inferior a que possuem, como os que foram nomeados em 2004 e já possuíam licenciatura plena ou mesmo pós-graduação e recebem, até o momento, como se tivessem apenas licenciatura curta. Além disso, a tabela de tempo de serviço prevista na Lei Estadual 19.837/11 estabelece que o servidor demore 42 anos para chegar ao final da carreira.

•             Uma política remuneratória que valorize o servidor estadual.

•             A regulamentação de 1/3 da jornada negociada com a categoria. Embora o governo tenha divulgado, no início do ano letivo de 2012, que o professor teria direito a 1/3 da jornada para estudo e planejamento como determina a Lei Federal 11.738/08, até o momento a lei não é respeitada em Minas Gerais e o professor trabalha mais na regência do que está previsto em lei. Apesar da realização de várias reuniões, o Governador encaminhou projeto de lei sobre o assunto sem uma efetiva negociação com a categoria.

•             O pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional com o reajuste de 22%. O governador Antônio Anastasia assumiu compromisso de pagar o Piso Salarial na carreira. O documento foi assinado no dia 27 de setembro de 2011, através do Secretário de Governo, Danilo de Castro, e não foi cumprido. Além do descumprimento do acordo assinado, o governo aprovou lei estadual que impõe o subsídio como forma de remuneração, acabando com o direito de adquirir biênio, quinquênio, trintenário e várias outras gratificações.
Após as atividades na Cidade Administrativa, a categoria seguiu para a Praça Sete (Rua Carijós com Rua Rio de Janeiro), onde, à tarde, participou de manifestação conjunta com todas as categorias que estão em greve, em campanha salarial e em mobilização. O ato foi promovido pela CUT/Minas.

Indicativo de greve na saúde

Desrespeitando a própria lei que criou, o governo Anastasia não cumpriu o prazo da política remuneratória e cancelou reunião que apresentaria os números para um possível reajuste para trabalhadores e trabalhadoras da saúde. A categoria esteve reunida em assembleia na Cidade Administrativa na quarta-feira (26), data em que o governo anunciaria os números da política remuneratória, para traçar estratégias que garantam reajustes.

Além de uma manifestação unificada com a educação na parte da manhã, os trabalhadores da saúde definiram uma nova assembleia geral Sistema Estadual de Saúde para o dia 17 de outubro. A categoria também aprovou uma vigília permanente na ALMG durante a tramitação do projeto de lei 3.451/2012 e paralisações unificadas em todas as Superintendências, Gerências Regionais de Saúde e na Cidade Administrativa (CAMG). Os trabalhadores da Secretaria de Saúde (SES) também aprovaram indicativo de greve. 

A intenção é pressionar o governo a atender os servidores da SES que foram excluídos do acordo de greve. O projeto de lei que dispõe sobre o acordo de greve está em tramitação na Assembleia Legislativa e este é um momento importante para pressionar politicamente o governo para que inclua uma emenda ao PL que leve em consideração essa parcela da categoria.

O diretor do Sind-Saúde/MG, Renato Barros, mostrou preocupação com os números que serão apresentados pelo governo para conceder reajuste e com o descaso do governo com os servidores da SES. “No acordo houve alguns avanços, mas a nossa disposição de luta continua pois a SES e ESP não foram contempladas e todo o conjunto da saúde necessita de um reajuste digno” alertou Renato.

Renato também avalia que os ganhos de greve não serão contados na aposentadoria e nas licenças. “Temos que manter a mobilização de toda a categoria para ter reajustes. Nossa luta é por salário” enfatizou.

A tentativa do governo é retirar do percentual calculado com base na política remuneratória os 5% de reasjute concedidos em abril como parte do acordo de greve do ano passado. Quanto a isto, Renato Barros afirmou que os sindicatos do funcionalismo unificaram suas opiniões e não aceitaram esta tentativa do governo de congelar os salários dos trabalhadores.

Vigília e paralisações

Para organizar a vigília na ALMG e a paralisação semanal na SES, será composta uma comissão nas GRS e SRS que será coordenada pelo Sindicato. Estas duas ações deverão ter início na semana que vem.  A recomendação inicial é que seja sempre nas terças-feiras até o dia 17 de outubro, data da próxima assembleia dos trabalhadores, como forma de pressão ao governo.
   

Publicado em:  http://www.cutmg.org.br/

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